A Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar – Fetraf Paraná, juntamente com a União das Cooperativas da Agricultura Familiar e Economia Solidária – Unicafes Paraná, realizaram recentemente, um diagnóstico junto aos agricultores, para levantar as perdas provocadas pela estiagem, uma das mais severas dos últimos anos. O levantamento apontou prejuízos na produção de grãos, atividade leiteira e risco no abastecimento de água.
Na produção de grãos, as culturas mais afetadas foram o milho safrinha e o feijão. As perdas variam de 30% a 80%, dependendo da época de plantio e a localização da lavoura. A baixa produção de milho reflete diretamente na produção leiteira, tendo em vista que grande parte das lavouras seria usada para silagem e a consequência será a falta de alimentação animal. A tendência também é de aumentar o custo do concentrado, isso porque, o milho é um dos principais cereais utilizado na fabricação de ração, tanto para bovinos, suínos e aves.
Outra preocupação é a falta de pastagens. A baixa umidade do solo atrasou a semeadura das pastagens de inverno e naquelas propriedades que semearam, devido à falta de chuva, o pasto está morrendo. A soma desses fatores está obrigando os agricultores a vender parte de seu rebanho bovino, se desfazendo por um preço abaixo do mercado, considerando o valor das matrizes leiteiras.
As produções de hortifrúti também estão sendo afetadas. A horticultura, por exemplo, depende de muita água para o desenvolvimento das plantas e, há casos, em que as famílias não dispõem de água nem para o consumo humano.
Ainda não há estimativas oficiais das perdas na agricultura familiar provocada por esta estiagem, entretanto, de acordo com este levantamento, identificamos uma situação de calamidade para milhares de famílias paranaenses. Não podemos assistir de braços cruzados o sofrimento destas famílias que produzem o alimento do Brasil.
Nesse sentindo, propomos medidas emergências de amparo aos agricultores familiares para mitigar os efeitos provocados pela estiagem:
– Criação de um programa com subsídios para viabilizar a compra de alimentação animal (silagem, concentrado, feno), além de sementes de pastagem de inverno.
– Renegociação de dividas com vencimento neste segundo semestre de 2021, com prorrogação após a última parcela.
– Criação de uma linha crédito, com juro zero, destinado a agricultores familiares para a produção de alimentos.
– Apoio com assistência técnica para reduzir o impacto causado pela estiagem dentro das propriedades.
– Acesso a tecnologias alternativas como construção de cisternas e preservação das nascentes de água, bem como, a criação de um programa de pagamento por serviços ambientais prestados.
– Criação de um programa de irrigação, destinado à agricultura familiar.
– Perfuração de poços artesianos nas comunidades com escassez de água.
– Suspensão da importação de leite.
– Fortalecimento do Programa Nacional de Alimentação Escolar e o Programa de Aquisição de Alimentos.
Reunião com o Bloco Parlamentar de Apoio a Agricultura Familiar da Assembleia Legislativa do Paraná
O Bloco Parlamentar de Apoio à Agricultura Familiar da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), liderado pela deputada estadual Luciana Rafagnin (PT), se reuniu na manhã desta terça-feira, em modo remoto, para discutir diversas preocupações do segmento com as alterações nas definições de agricultura familiar, ditadas pelo Decreto presidencial nº 10.688/2021, e também os impactos da estiagem na produção de alimentos no estado. Esses fatores todos combinados com a pandemia, o aumento nos custos de produção, desmonte de políticas sociais e políticas de exclusão no campo, que atingem especialmente comunidades da reforma agrária, indígenas e quilombolas, apontam para o aumento da fome e do empobrecimento, de acordo com as organizações da agricultura familiar que participaram da reunião.
Para o presidente da Fetraf-PR, Elizandro Krajczyk, o enfrentamento de todas essas questões se dá por um caminho já conhecido das organizações da agricultura familiar, o da mobilização e da articulação de forças. “Temos de construir uma pauta conjunta, entre sindicatos e cooperativas, para que a agricultura familiar não seja esquecida, não seja engolida pelos avanços do agronegócio”, disse. “Somos atores fundamentais no desenvolvimento do país e na redução da fome da população. Precisamos nos organizar e cada vez mais intensificar nossos espaços de participação coletiva”, completou.
A deputada Luciana lembrou que “o Bloco Parlamentar é uma ferramenta de apoio e que a força maior nessa resistência está justamente na união da pauta das entidades e na ação conjunta das organizações que atuam no segmento da agricultura familiar”. Entre os encaminhamentos tirados da reunião desta terça-feira está a solicitação de uma audiência com o secretário de estado da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara, para levar as demandas no âmbito das responsabilidades do governo do estado e das soluções que competem ao Executivo estadual. O Bloco Parlamentar também enviará às bancadas do Paraná na Câmara dos Deputados e no Senado Federal um documento que relata essa situação e pede apoio à pauta da agricultura familiar, em especial de socorro emergencial e de fomento à produção de alimentos para combater a fome e o empobrecimento da população.
Leia a matéria na integra:
http://www.lucianapt.com.br/Default/Noticias/10164/estiagem-pandemia-aumento-nos-custos-da-producao-de-alimentos-e-exclusao-no-campo-apontam-para-o-aumento-da-fome-e-mais-empobrecimento-afirmam-organizacoes-?fbclid=IwAR1VlMGYG5aAoHLLlzD0clMC00AkQZgvJlnwmyDfufU7gW1amPUJkYdUzIc