A fundação da FETRAF-PARANÁ/CUT ocorreu em 2013, mas sua origem está relacionada a um debate de décadas, iniciado ainda no final da década de 1970 e inicio dos anos 80, em que sindicalistas combativos defendiam um novo sindicalismo, diferente da estrutura sindical implantada no Brasil.

O sindicalismo rural brasileiro teve sua expansão após o Estatuto do Trabalhador Rural (ETR), publicado por decreto pelo presidente da República João Goulart (1963), até então, não passava de uma dezena o número de sindicatos rurais.

As fundações dos sindicatos ocorriam no marco da lógica imposta pelo Estado, obedecendo à formalidade e subordinados as regras impostas pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Acrescenta-se que a legalidade e o controle exercidos pelo Estado, sobretudo depois de 1964 com a ditadura militar, inibia as manifestações mais combativas relativas à luta de classes como, por exemplo, a desigualdade social e concentração de terras.

O conformismo com essa concepção de atuação dos sindicatos gerou a inquietação em alguns grupos de filiados, principalmente de municípios da região Sul do Brasil, vinculados à ala progressista da Igreja Católica, sobretudo pertencentes às CEBs (Comunidades Eclesiais de Base) e CPT (Comissão Pastoral da Terra); à Assesoar (Associação de Estudos, Orientação e Assistência Rural). Os filiados aos sindicatos vinculados a essas organizações passaram a fazer questionamentos frente a questões agrárias e sociais, quando se formaram oposições sindicais.

As frentes de oposições que se saíram vencedoras,passaram a priorizar a organização dos agricultores, incentivando a participação em mobilizações em favor do acesso a terra, previdência rural, melhores preço para os produtos agropecuários, direitos, infra-estrutura de produção, educação, credito rural, dentre outros.

A ampliação da participação dos sindicatos em outras esferas de luta permitiu o alargamento das reivindicações da classe de trabalhadores rurais e camponeses. O fato dos sindicatos fazerem parte dos debates da Constituinte no período de 1986 a 1988, colocou na pauta de reivindicações as conquistas previdenciárias, como foi o caso da luta ao “direito de segurado especial” para os agricultores na previdência social descritos na Constituição de 1988.

A discussão deste novo sindicalismo rural se consolidou na década de 80, com a formação da Articulação Sindical Sul. Com a afirmação da Central Única dos Trabalhadores no setor rural, a Articulação transformou-se, em 1992, no Fórum Sul dos Rurais da CUT, instância articuladora dos sindicatos cutistas vinculados aos Departamentos de Trabalhadores Rurais da CUT - DETR/SC, ao DETR/CUT-RS e ao DETR/CUT-PR, surgindo em 1997, a FETRAFESC.

Durante o 1º Congresso Sindical da Agricultura Familiar da Região Sul, realizado de 28 a 30 de março de 2001, em Chapecó (SC), foi criada a Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (FETRAF-SUL/CUT). O evento contou com a participação de 2.000 pessoas representando mais de 100 sindicatos de trabalhadores na agricultura familiar e de trabalhadores rurais. A criação da entidade foi aprovada por 1.212 delegados e delegadas.

A criação da FETRAF-SUL/CUT teve como estratégia a construção de visibilidade, identidade e representação da agricultura familiar, tornando-se efetivamente um ator social e político no processo de elaboração e construção de ações vinculadas à organização da produção, assistência técnica, crédito, habitação rural, entre outras.

Neste sentido, visando fortalecer a ação política e organizativa em cada estado da região Sul, no III Congresso da FETRAF-SUL/CUT realizado nos dias 27, 28 e 29 de Março de 2013, em São Lourenço do Oeste-SC, os/asdelegados/as presentes definiram pela criação das federações estaduais.

No Paraná a criação da federação estadual se deu no Congresso Estadual da Agricultura Familiar, realizado de 04 a 06 de dezembro de 2013, em Francisco Beltrão-PR com mais de 1 (um) mil agricultores/as familiares presentes.

Fazem parte da FETRAF-PARANÁ/CUT os Sindicatos de Trabalhadores na Agricultura Familiar, Sindicatos de Trabalhadores Rurais e as Associações Sindicais, totalizando 52 entidades filiadas e organizadas em 06 microrregiões, abrangendo aproximadamente 100 mil famílias de agricultores e agricultoras familiares.


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